domingo, 31 de janeiro de 2010

The king!

O cara mexia a pélvis feito louco, muitos duvidavam de sua masculinidade, mas a maioria simplesmente o achava pretensioso. Um charme canastrão que enlouquecia as mocinhas bem nascidas.
Ele foi um dos primeiros a levantar uma bandeira tão mal quista, o tal de Rock n’ Roll, mistura de música de pessoas incultas que era o Coutry, coisa de Cawboy e a indecência dos negros. Porém o rebolado do senhor Presley causou uma verdadeira revolução nos conceitos de moral das famílias cristãs norte americanas.
Elvis era o namorado que qualquer mulher gostaria de ter e era cara que todos os homens gostariam de ser.
Ele se tornou um símbolo não de luta contra nada, mas de espontaneidade, de fazer o que quer. Era um homem que rebolava, que usava roupas coloridas, óculos escandalosos.
“Elvis não morreu” por que as mocinhas ainda o acham um gatão, meninas de quinze anos o adoram e mulheres mais velhas inclusive minha mãe. Elvis não morreu por que o estilo dele influenciou o mundo, Elvis não morreu por que a contribuição dele para o Rock é única. Bom, Elvis não morreu!

Allan Giovanni da Silva.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Declaração de Amor

(e o poeta cai na armadilha)

Ó maravilha! Voará ainda?
Sobe e as suas asas não se mexem?
Quem é então que o leva e faz subir?
Que fim tem ele, caminho ou rédea, agora?

Como a estrela e a eternidade
Vive nas alturas de que se afasta a vida,
Compassivo, mesmo para com a inveja...
E quem o vê subir sobe também alto.

Ó albatroz! Ó minha ave!
Um desejo eterno me empurra para os cimos
Pensei em ti e chorei.
Chorei mais e mais... Sim, eu amo-te!

Friedrich Nietzsche, in "A Gaia Ciência"

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

A culpa é delas!

O charme feminino é algo que ainda me deixa espantado, impressionante a capacidade feminina de convencer os homens a fazer coisas que nem sempre ele quer fazer. O poder feminino, porém se realiza apenas em fase através do charme, depois de dez anos de casados, a mulher passa a mandar mesmo e o pior, o homem obedece, retruca, mas obedece.
Uma piscadinha e pronto o cara se derrete todo, não é à toa que a Bíblia culpa a mulher por tudo. Foi ela, na figura de Eva que convenceu o pobre do Adão a comer do fruto da arvora proibida. Pô uma mulher pelada oferecendo algo pro sujeito ele não poderia dizer não, se fosse uma cerveja então...
Foi culpa da Pandora, que todos os males assombraram a Terra e foi por culpa de Helena, que Tróia foi destruída.
A Inquisição foi levada a cabo por que o charme feminino não funciona nos gays, a Igreja estava recheada deles.
Não sou machista pelo contrário, sou a favor das mulheres, uma mulher que sabe do que é capaz, pode tirar um homem do seu campo de gravitação. Mulheres são inteligentes, fortes e capazes de coisas incríveis, e nós? Bom, nós somos criaturas que amam as mulheres, uma mulher! Só uma.
Allan Giovanni da Silva

Conheça-te a ti mesmo

O autoconhecimento tem grande importância, sabedoria grega já dizia há cerca de dois mil e quinhentos anos atrás, não se tornou ensinamentos de velhos liceus nem está completamente descartado, nos dias atuais, muito pelo contrário, parece-me muito na moda nos dias atuais, acompanhando a tendência da filosofia oriental.
Muito embora eu ache modismos algo um tanto perigoso, por outro lado acho também importantes que as pessoas procurem conhecer a si próprias.
O provérbio diz: “conheça-te a ti mesmo e conhecerás os deuses e o universo”. Essa proposta é libertadora, pois sugere que os “deuses” estão dentro de cada indivíduo, mas apenas se você decidir ter um deus. O autoconhecimento serve pra que você saiba quem é sozinho, longe de influências externas como família, igreja, partido políticos.
Particularmente, ficar sozinho e pensar no funcionamento da vida e nas coisas do universo é uma prática cistante pra mim, às vezes é doloroso desligar-se de velhos conceitos, porém a vida é algo mutável e a personalidade vai mudando também com a chegada da idade.
Creio que a reflexão nos ajuda a fazer as escolhas mais racionais e apropriadas, inclusive em longo prazo. Então pense, senão alguém acabará pensando por você.

Allan Giovanni da Silva

domingo, 24 de janeiro de 2010

A mulher que eu amo

A mulher que eu amo
Tem a pele morena
É bonita, é pequena
E me ama também

A mulher que eu amo
Tem tudo que eu quero
E até mais do que espero
Encontrar em alguém

A mulher que eu amo
Tem um lindo sorriso
É tudo que eu preciso
Pra minha alegria

A mulher que eu amo
Tem nos olhos a calma
Ilumina minha alma
É o sol do meu dia

Tem a luz das estrelas
E a beleza da flor
Ela é minha vida
Ela é o meu amor

A mulher que eu amo
É o ar que eu respiro
E nela eu me inspiro
Pra falar de amor

Quando vem pra mim
É suave como a brisa
E o chão que ela pisa
Se enche de flor

A mulher que eu amo
Enfeita a minha vida
Meus sonhos realiza
Me faz tanto bem

Seu amor é pra mim
O que há de mais lindo
Se ela está sorrindo
Eu sorrio também

Tudo nela é bonito
Tudo nela é verdade
E com ela eu acredito
Na felicidade

Tudo nela é bonito
Tudo nela é verdade
E com ela eu acredito
Na felicidade...

Roberto Carlos

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Música de velho e música de jovem

Quando eu era criança existiam basicamente dois tipos de músicas, as músicas apreciadas pelos mais velhos e as música barulhentas da gurizada.
Naquela época o tal do Rock N’ Roll era música da moçada e sertanejo era o que os velhos ouviam.
Está certo aquele que diz que o mundo está louco, por que os jovens de hoje adoram Vitor e Léo, Fernando e Sorocaba, Hugo pena e Gabriel. (peguei esses nomes no Google). Hoje o que era música de jovens rebeldes como Black Sabbath, ACDC, Iron Maiden, Pink Floyd, Led Zeppelin, Beatles, Ramones, entre outras grande lendas vivas e mortas do sub-mundo do Rock N’ Roll hoje tem seus vinis vendidos em sebo para senhores de meia idade nostálgicos, que apontam:
- Olha, filhão The Door!
- Não pai eu gosto é de sertanejo, pô!
Ta certo respeito o gosto da moçada, blá, blá, blá, mas não os entendo, cadê a rebeldia? os cabelões? Allstar? Jeans rasgado? Tattos? E cara de mau?
Acho que a tendência é que cada geração seja mais calma pacífica e isso é legal.
Pode me chamar de Dinossauro, mas fui batizado com cerveja em nome do Deuses do Rock N’ Roll!
Allan Giovanni da Silva.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

A religião pra mim

Na infância às vezes íamos na igreja, meu pai acordava todo mundo cedo no domingo e lá estamos ainda que sonolentos ouvido o sermão do padre.
Um belo dia fui matriculado na catequese com o firme propósito de aprender a doutrina da Santa Madre Igreja Católica e de ganhar uma bicicleta no dia da comunhão. Isso demorou dois anos, mais dois anos pra fazer crisma e ganhar um relógio que, aliás, uso até hoje lá se vão catorze anos. Depois de tudo isso passei a freqüentar a missa sempre que minha mãe permitia, ia sozinho mesmo e gostava.
Mas no fundo em tinha muitas dúvidas, mas minha fé era superior a tudo isso.
Um belo dia na quinta série tive aula com um cara muito louco, Laércio, professor de História, ele tinha uma gana, uma paixão falava com intensidade, em pouca palavras o cara era doido e eu fiquei fascinado pela mente doentia daquele cara. Ele fava da igreja como eu nunca tinha ouvido falar, tudo que era sagrado pra mim passou a ser a perder o valor. Aos pouco fui parando de ir à igreja.
Comecei a estudar religião por conta própria e comece a ver que a Igreja não era a única a dizer a “verdade”, mas todas diziam, estudei com mais afinco as religiões orientais e mais ainda o budismo, mas também o xintoísmo, taoísmo, Islã, judaísmo, religiões afro evangelismo carismático, protestantismo espiritismo e até satanismo.
Quando fui pra universidade estudar história resolvi que me livraria do resto de religiosidade que restava em mim. Isso significava que Deus não mais existiria para mim.
Hoje me considero ateu livre de religiosidade, mas não livre de conceitos cristãos que acabam por pautar a sociedade ocidental moderna.
Ensino e discuto religião usando unicamente a razão, sem emoção ou qualquer questão pessoal, o meu ponto de vista coloca todos os segmentos religiosos num pé de igualdade. Acredito na liberdade plena de se acreditar no que quiser e também em não acreditar.
Allan Giovanni da Silva.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Abrindo o coração

Essa garota, essa mulher apareceu e mexeu na minha estrutura de tal maneira que não eu não pude correr nem me esconder, me apaixonei por ela. Mas eu era jovem, nerd e incapaz de dizer o que sentia. Ela acabou por sumir da minha vida, o tempo passou, mas, quando parava pra avaliar a minha vida, este ponto sempre me pareceu um pouco sombrio. Sentia como se algo precisasse ser resolvido, alguma coisa inacabada.
O mundo dá voltas e depois de quase cinco anos voltamos a nos encontrar, as coisas mudaram um pouco, mas eu tenho agora a chance de dizer, o que eu sempre quis e se não posso mudar o passado como diz um velho ditado, posso começar agora e fazer um final diferente.
Basicamente eu sou um cara que perdeu uma garota há muito tempo e agora reencontrou. Bem neste momento eu não desejo nada além dela. Não quero mais nada que não seja em beijo, um afago, um carinho um mimo. Sou carente. Se vai durar pra sempre não sei, mas gosto dela, a vida dá voltas mas quando estamos juntos parece que o tempo corre mais rápido e tudo flui tão bem entre a gente que esqueço de todo o resto.
De todas que já passaram e que poderiam passar na minha vida, todo o resto parece perder o sentido.
Me sinto de novo o garoto de dezessete anos apaixonado pela primeira vez, e esta é a minha cartinha de amor, tão bobinha, mas sincera como nunca.
Allan Giovanni da Silva.

Ética e Estética

Alguns cursos, como Artes e Publicidade costumam ter uma disciplina que associa e discute a questão de ética e estética, mas a pergunta que fica é seguinte: como é possível ligar dois conceitos tão diferentes?
No dicionário de Silveira Bueno encontramos as seguintes definições: estética: Filosofia das Belas Artes, ciência que trata do belo; conjunto de serviços tratamentos e produtos para cuidar da aparência: cosmética. Ética: parte da Filosofia que discute os deveres do homem para com Deus e sociedade: doentologia, ciência da moral, conjunto de regras que orientam a conduta em uma atividade profissional.
Creio que tais definições sevem para pensarmos as maneiras de como as pessoas pensam as questões do aspecto físico nos dias atuais.
Cada dia que passa homens e mulheres se conectam como mais força às questões de beleza física, podemos ver academias de ginástica lotadas, como verdadeiras linhas de produção de corpos perfeitos. Nos dias atuais são realizadas cirurgias que antes só imaginávamos sendo feitas pelo cientista maluco do Pica-Pau, tamanha estranheza que tais intervenções me causam. Fio de ouro? Métodos Russos? Botox, que parece que a vítima foi picada por uma cascavel.
Enfim, não há limites para ficar bonitos, é nesse ponto que queria chegar, onde não há limites para a ciência, então entram as perguntas éticas: será que um cirurgião plástico que fez o juramento hipocrático deve operar alguém que não necessita de intervenção? Acho que a questão mais importante é ainda mais básica; será que a busca por impressionar os outros com atributos físicos não é um tanto vago? Em meio a tantas maneiras de se destacar onde fica o respeito pelo próprio corpo?
Penso particularmente que quando a busca é por conhecimento, é muito mais duradouro, pois a pele ficará flácida, os cabelos brancos e os ossos fracos, mas o conhecimento apenas será aprimorado com o tempo. Velhos e feios todos seremos mas a pergunta é: que tipo de velho você vai querer ser?

Allan Giovanni da Silva

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Garotos

Seus olhos e seus olhares
Milhares de tentações
Meninas são tão mulheres
Seus truques e confusões
Se espalham pelos pêlos
Boca e cabelo
Peitos e poses e apelos
Me agarram pelas pernas
Certas mulheres como você
Me levam sempre onde querem

Garotos não resistem
Aos seus mistérios
Garotos nunca dizem não
Garotos como eu
Sempre tão espertos
Perto de uma mulher
São só garotos
Perto de uma mulher
São só garotos

Seus dentes e seus sorrisos
Mastigam meu corpo e juízo
Devoram os meus sentidos
Eu já não me importo comigo
Então são mãos e braços
Beijos e abraços
Pele, barriga e seus laços
São armadilhas e eu não sei o que faço
Aqui de palhaço, seguindo os seus passos

Garotos não resistem
Aos seus mistérios
Garotos nunca dizem não
Garotos como eu
Sempre tão espertos
Perto de uma mulher
São só garotos
Perto de uma mulher
São só garotos

Se espalham pelos pêlos
Boca e cabelo
Peitos e poses e apelos
Me agarram pelas pernas
Certas mulheres como você
Me levam sempre onde querem

Garotos não resistem
Aos seus mistérios
Garotos nunca dizem não
Garotos como eu
Sempre tão espertos
Perto de uma mulher
São só

Garotos não resistem
Aos seus mistérios
Garotos nunca dizem não
Garotos como eu
Sempre tão espertos
Perto de uma mulher
São só garotos
Perto de uma mulher
São só garotos
Perto de uma mulher
São só garotos

Leoni

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Boçais, Babacas e Banais

O ano não começaria direito sem o tão esperado BBB, o povo na televisão, fazendo coisas do dia-a-dia. No programa os “brothers” criam seus grupos, criam personagens que não conseguem manter por muito tempo. As pessoas se traem umas às outras, a final de contas tem um milhão em jogo, pra essas pessoas nenhum amor nenhuma amizade vale tanta grana ou uma capa da Playboy, um ponta no Zorra Total.
Aparecer, essa é a máxima, ser artista, afinal é isso que importa mostrar aos simples mortais do que as pessoas são capazes de fazer auxiliados pela mídia. Do anonimato ao estrelato em pouquíssimo tempo e depois de novo ao anonimato.
É mais ou menos assim a vida de celebridade, muito embora eu ache muito mais célebre alguém que lute contra a fome, injustiça, ignorância.
Mas “dê ao povo o que é do povo” e é isso que a massa gosta ver pessoas se digladiando por dinheiro, se humilhando como ratos enjaulados, parecendo uma experiência de algum cientista demente.
Tudo bem se eu não gosto de BBB e não assista sob nenhuma circunstância, tem um montão de gente que adora. “Mas que sujeito chato sou eu que não acha nada engraçado”, como dizia Raul, é ele tem razão, sem graça... Nenhuma.
Bom, é hora de voltar para os meus livros

Allan Giovanni da Silva.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Dormir?

“Eu, eu ando de passos leves pra não acordar o dia, sou da noite, o companheiro mais fiel que ela queria.”
Essa frase de Raul Seixas tem me definido muito bem nos últimos tempos. Meu cérebro funciona à toda velocidade durante a noite, por isso costumo ter pesadelos enquanto que de manhã sinto sono e demoro pra entrar no esquema.
A combinação de pensamentos e excesso e cafeína é mortal para o meu sono, então passo as madrugadas fazendo coisas: como por exemplo escrevendo como agora que o relógio marca 1:54 da manhã, de pois verei um filme, ou vou escutar rádio, quem sabe ler ou escrever em velho caderno que tenho.
Nos últimos tempos dormir tem sido sinônimo de pesadelos dos mais diversos tipos. Na verdade eu gosto de dormir, mas acho a noite algo fascinante e estar trabalhando enquanto todos dormem me soa como algo quase ilegal, como que se escrever de dia não tivesse o mesmo valor que tem a escrita da madrugada. Mas creio que tem algo de especial, não sei ao certo se é o sereno da noite, mas certamente o silêncio mortal é inspirador para um escritor solitário, que o faz de outra maneira.
Você precisa concordar comigo que dormir é um desperdício tempo, considerando a infinidade de coisas que podemos fazer na escuridão enquanto todos dormem.
Termino este breve texto com outra canção, por que daqui algumas horas “o mundo inteiro acorda e a gente dormir, dormir.”

Allan Giovanni da Silva.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Poema

Eu hoje tive um pesadelo e levantei atento, a tempo
Eu acordei com medo e procurei no escuro
Alguém com seu carinho e lembrei de um tempo
Porque o passado me traz uma lembrança
Do tempo que eu era criança
E o medo era motivo de choro
Desculpa pra um abraço ou um consolo
Hoje eu acordei com medo mas não chorei
Nem reclamei abrigo
Do escuro eu via um infinito sem presente
Passado ou futuro
Senti um abraço forte, já não era medo
Era uma coisa sua que ficou em mim, que não tem fim
De repente a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua
Que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio mas também bonito
Porque é iluminado
Pela beleza do que aconteceu
Há minutos atrás

Composição: Cazuza / Frejat

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Estranho, muito estranho!

O frio da madrugada me fez fechar o zíper da jaqueta e a chuva que começava a cair deixava mais dura a noite na recepção do Hospital Santo Antônio.
Sentei no grande sofá e fiquei analisando as fotos na parede que exibia freiras em seus trajes brancos de doer os olhos.
Viajei um pouco na história daquele lugar pensando nas dificuldades da vida no século XIX.
Senti levemente alguém se aproximar de mim dizendo:
- Impressionante, não?
Voltei meu rosto para ver quem se dirigia a mim. Era um homem magro, muito alto, com olhos grandes e negros. Trajava um terno preto, porém se gravata, mas seu paletó era elegante.
O homem então disse:
- Que noite hein?
-É!
Respondi sem querer conversa.
- Sabe? Eu costumo pensar muito sobre a vida e também sobre a morte...
- Sei, falei sem interesse.
Sabemos que homens nascem e sabemos que morrerão, mas nesse meio tempo a vida é uma surpresa e cada um vive como melhor lhe convir.
-Ótimo, me sentei ao lado de um doido!
- Veja, este lugar é um verdadeiro templo não acha?
Esbocei um sorriso fraco, enquanto abria uma revista Caras, que exibia uma foto da filha da Xuxa sorridente.
O homem me olhou como quem esperava uma aprovação para continuar falando.
Fechei a revista que de qualquer modo não me interessava e voltei a atenção para o velho.
- Templo?
Perguntei de modo ríspido.
- O senhor é algum tipo de padre ou pastor? Por que eu não estou muito a fim de discutir religião, são duas e meia da manhã e...
O homem de terno interrompeu dizendo:
- Sacerdote, eu, ora meu jovem não seja tolo, esse é o limite da sua visão?
E não sabia mais o que dizer, aquele homem devia ter fugido da ala psiquiátrica ou sei lá.
- Você já parou para questionar os limites da mente humana?
Eu sinceramente não tinha resposta para aquela pergunta.
- Parou para pensar no que é real e o que não?
O homem se levantara e agora falava em tom solene.
- Meu jovem você conhece os limites entre o natural e o sobrenatural?
- Acredita em destino?
- As pessoas fazem coisas, meu rapaz, por que devem ser feitas!
O homem falava alto num hospital, seus olhos negros como a noite e frios, agora brilhavam quase demoníacos.
Eu começava a ficar enfeitiçado, como se eu estivesse naquele lugar por algum motivo e tudo, parecia estar começando a fazer sentido.
Eu não sabia por que estava ali, nem quem era aquele homem.
Me aproximei dele lentamente e olhando no fundo dos olhos frios perguntei?
Quem é o senhor? O que quer de mim?
Um sorriso sádico apareceu no rosto do velho.
-Eu... Eu sou a morte!
Um arrepio frio subia pela minha espinha.
E vim aqui para te buscar!
Um silêncio mórbido se fez, o relógio marcava três horas da manhã em ponto e era como se o tempo tivesse parado.
Quando um enfermeiro entrou no corredor lateral, senti com se a sanidade voltasse à minha mente corrompida por um louco.
- Fique longe de mim seu doido!
Falei em tom de fúria
- Se não acredita, veja com seus próprios olhos.
Falou a morte apontando para a maca agora parada no fim do corredor. O lençol estava sujo de sangue, destampei o rosto do cadáver num só movimento e lá esta eu encarando meu próprio rosto! Eu estava morto.
Acordei então num sobressalto. Tinha a respiração ofegante e o peito suado, o relógio marcava três horas da manhã.
Ainda não, pensei, ainda não!

Allan Giovanni da Silva

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Tu vai te chamar Luis Inácio!

O homem nasceu no semi-árido brasileiro. Seus pais morreram sem saber ler nem escrever.
O menino ganhou um nome pomposo para alguém que poderia passar a vida criando cabras, mas ele foi pra São Paulo e nem por isso a vida foi mais fácil.
Ele sonhava se tornar operário, mas acabou indo um pouco mais longe.
Ele odiava política e adorava novela, mas um dia, por pura obra do destino, o menino miserável do semi-árido, aquele sem futuro, decidiu lutar, mas lutou não só por ele, mas lutou pelos trabalhadores, por aqueles que fazem esse país funcionar. Por aqueles que se sujam, que se ferem. Lutou por que acreditava. Foi preso apanhou, perdeu muitas vezes, até que começou a ganhar e mostrou que o Brasil é feito pelo povo.
O Menino do semi-árido, o Luis Inácio, virou Lula, que virou operário, que virou sindicalista que virou presidente que virou mito!

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

O Quereres

Onde queres revólver, sou coqueiro
E onde queres dinheiro, sou paixão
Onde queres descanso, sou desejo
E onde sou só desejo, queres não
E onde não queres nada, nada falta
E onde voas bem alto, eu sou o chão
E onde pisas o chão, minha alma salta
E ganha liberdade na amplidão

Onde queres família, sou maluco
E onde queres romântico, burguês
Onde queres Leblon, sou Pernambuco
E onde queres eunuco, garanhão
Onde queres o sim e o não, talvez
E onde vês, eu não vislumbro razão
Onde o queres o lobo, eu sou o irmão
E onde queres cowboy, eu sou chinês

Ah! Bruta flor do querer
Ah! Bruta flor, bruta flor

Onde queres o ato, eu sou o espírito
E onde queres ternura, eu sou tesão
Onde queres o livre, decassílabo
E onde buscas o anjo, sou mulher
Onde queres prazer, sou o que dói
E onde queres tortura, mansidão
Onde queres um lar, revolução
E onde queres bandido, sou herói

Eu queria querer-te amar o amor
Construir-nos dulcíssima prisão
Encontrar a mais justa adequação
Tudo métrica e rima e nunca dor
Mas a vida é real e de viés
E vê só que cilada o amor me armou
Eu te quero (e não queres) como sou
Não te quero (e não queres) como és

Ah! Bruta flor do querer
Ah! Bruta flor, bruta flor

Onde queres comício, flipper-vídeo
E onde queres romance, rock’n roll
Onde queres a lua, eu sou o sol
E onde a pura natura, o inseticídio
Onde queres mistério, eu sou a luz
E onde queres um canto, o mundo inteiro
Onde queres quaresma, fevereiro
E onde queres coqueiro, eu sou obus

O quereres e o estares sempre a fim
Do que em mim é de mim tão desigual
Faz-me querer-te bem, querer-te mal
Bem a ti, mal ao quereres assim
Infinitivamente pessoal
E eu querendo querer-te sem ter fim
E, querendo-te, aprender o total
Do querer que há e do que não há em mim

Caetano Veloso

O cheiro da vida

As pessoas costumam rir quando digo que situações têm cheiro, mas acho que é verdade.
A madrugada tem cheiro, sim, às três da manhã tem um aroma que não se sente às dez da noite. O inverno tem um cheiro limpo. Quando começa a chover e a terra se encharca, exala um odor incrível.
Sempre achei que o natal tem um cheiro diferente, simplesmente cheiro de natal, mas páscoa também tem cheiro, e esse é forte e especialmente agradável.
Acho que os cheiros são fascinantes porque estão intimamente ligados à memória. Um aroma pode te fazer lembrar-se de uma pessoa especial, de uma situação determinada, de uma época da infância, de um único dia da tua vida, mas que o destacou de todos os outros. O cheiro pode fazer isso.
O bolinho da vovó, o cheiro de mato, de uma pessoa.
O que sugiro, é que apuremos todos os nossos sentidos, desse modo a vida passa a ser mais intensa!

Allan Giovanni da Silva

domingo, 3 de janeiro de 2010

Anarquizar é preciso!

Filhos da puta que só querem poder enquanto o trabalhador toma ônibus lotado, se fode oito horas em uma fábrica imunda, pra não passar fome. Um país onde quase metade da comida produzida vai pro lixo. Onde a vida de um cão vale mais do que a e de uma criança. Parece que nada se aprende. Médicos querem fazer cirurgia plástica, professores cagam pra educação, políticos enfiam dinheiro nas cuecas, e geração pós geração de idiotas são formadas diante da tela da TV Globo, sendo cultivadas por Walter Ostermann e Datena.
Ta na hora desse povo tomar vergonha na cara! Lutar pelos seus direitos, tirar a bunda do sofá. Não! Você não é muito velho pra isso!
Vamos fechar o trânsito! Parar as fábricas, as escolas! Acampar na frente da casa do prefeito!
Aí veremos se o transporte não melhora, se o posto de saúde não tem remédio!
Ser desordeiro é feio, claro que não! Feio é ser omisso, feio é ser vaquinha de presépio. É pagar impostos e não ter direito a nada! Vamos mostrar que é que manda nessa porra!
Não gostou foda-se!
Allan Giovanni da Silva

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Apenas um velho!

Hoje eu sou apenas um velho
Um contador de histórias
Um jogador de dominó
Mas eu já fui jovem,

Já tive um potencial,
Já sonhei com um mundo mais justo
Já foi um visionário
Já lutei pelo que achei ser certo

Mas hoje eu sou apenas um velho
Um velho que tem dores nas contas,
Que usa pijama,
Mas eu já usei os punhos,

Já apontei o dedo
Já usei minha fúria
Hoje eu uso bengala
E tomo remédios

Já fui de esquerda
Já matei Deus
Amei uma mulher
Odiei muitos homens
Mas hoje sou um velho
Com um coração de jovem
Um jovem no corpo de velho

Allan Giovanni da Silva