terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Monólogo das Mãos

Para que servem as mãos?
As mãos servem para pedir, prometer, chamar, conceder,
ameaçar, suplicar, exigir, acariciar, recusar, interrogar, admirar,
confessar, calcular, comandar, injuriar, incitar, teimar, encorajar,
acusar, condenar, absolver, perdoar, desprezar, desafiar, aplaudir,
reger, benzer, humilhar, reconciliar, exaltar, construir, trabalhar, escrever......
As mãos de Maria Antonieta, ao receber o beijo de Mirabeau,
salvou o trono da França e apagou a auréola do famoso revolucionário;
Múcio Cévola queimou a mão que, por engano não
matou Porcena;
foi com as mãos que Jesus amparou Madalena;
com as mãos David agitou a funda que matou Golias;
as mãos dos Césares romanos decidiam a sorte dos
gladiadores vencidos na arena;
Pilatos lavou as mãos para limpar a consciência;
os anti-semitas marcavam a porta dos judeus com as mãos
vermelhas como signo de morte!
Foi com as mãos que Judas pôs ao pescoço o laço que os
outros Judas não encontram.
A mão serve para o herói empunhar a espada e
o carrasco, a corda; o operário construir e o burguês destruir;
o bom amparar e o justo punir; o amante acariciar e o ladrão roubar;
o honesto trabalhar e o viciado jogar.
Com as mãos atira-se um beijo ou uma pedra, uma flor
ou uma granada, uma esmola ou uma bomba!
Com as mãos o agricultor semeia e o anarquista incendeia!
As mãos fazem os salva-vidas e os canhões; os remédios
e os venenos; os bálsamos e os instrumentos de tortura,
a arma que fere e o bisturi que salva.
Com as mãos tapamos os olhos para não ver, e com elas
protegemos a vista para ver melhor.
Os olhos dos cegos são as mãos.
As mãos na agulheta do submarino levam o homem
para o fundo como os peixes; no volante da aeronave
atiram-nos para as alturas como os pássaros.
O autor do "Homo Rebus" lembra que a mão foi o primeiro
prato para o alimento e o primeiro copo para a bebida;
a primeira almofada para repousar a cabeça,
a primeira arma e a primeira linguagem.
Esfregando dois ramos, conseguiram-se as chamas.
A mão aberta,acariciando, mostra a bondade; fechada
e levantada mostra a força e o poder; empunha a espada
a pena e a cruz!
Modela os mármores e os bronzes; da cor às telas
e concretiza os sonhos do pensamento e da fantasia
nas formas eternas da beleza.
Humilde e poderosa no trabalho, cria a riqueza;
doce e piedosa nos afetos medica as chagas, conforta
os aflitos e protege os fracos.
O aperto de duas mãos pode ser a mais sincera confissão
de amor, o melhor pacto de amizade ou um juramento
de felicidade.
O noivo para casar-se pede a mão de sua amada;
Jesus abençoava com a s mãos;
as mães protegem os filhos cobrindo-lhes com as
mãos as cabeças inocentes.
Nas despedidas, a gente parte, mas a mão fica,
ainda por muito tempo agitando o lenço no ar.
Com as mãos limpamos as nossas lágrimas e as lágrimas alheias.
E nos dois extremos da vida, quando abrimos os olhos para o mundo e quando os fechamos para sempre ainda as mãos prevalecem.
Quando nascemos, para nos levar a carícia do primeiro beijo, são as mãos maternas que nos seguram o corpo pequenino.
E no fim da vida, quando os olhos fecham e o coração pára, o corpo gela e os sentidos desaparecem, são as mãos, ainda brancas de cera que continuam na morte as funções da vida.
E as mãos dos amigos nos conduzem...
E as mãos dos coveiros nos enterram!

de Ghiaroni

domingo, 14 de fevereiro de 2010

“Mas que sujeito chato sou eu que não acha nada engraçado.”

Acredito que das coisas que existem no mundo, eu conheço algumas, claro tem sei lá, alguma dança lá dos Bálcãs que eu nunca vi e não sei se gosto ou não. Mas costumo saber diferenciar a coisas que me agradam das coisas que não me agradam, e tem muito mais coisas que eu não gosto do que coisas que gosto.
Lembrei disso por que estamos no carnaval e eu não gosto nada de carnaval. Música ruim, estereótipos vindo a tona mulatas, pierrôs, baianas e aquele terrível sensação de que não há nada de errado no Brasil durante o carnaval. Acho disperdício de um monte de coisas, inclusive de bom senso. Como o futebol, que por sinal também não gosto, ele funciona no mesmo modelo romano do pão e vinho, para distrair as massas de modo que elas não tenham consciência política.
Não gosto de samba, nem de pagode, mas também não gosto de sertanejo, universitário ou não, nem de funk, maxixe (não sei o que é) nem de bossa nova nem de dance, nem eletrônico. Impressionante, como sou chato, não gosto de quase nada!
Quer um conselho? Aproveite o carnaval pra ler um bom livro!

Allan Giovanni da Silva.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

O cidadão de bem


O cidadão de bem vai à igreja, usa gravata. O cidadão de bem vê o Jornal Nacional e lê a Veja (adora o Mainardi). Ele esconde seus defeitos e faz hora extra pra pagar o carro que tem de ser melhor do que o do vizinho. O cidadão de bem gasta bastante dinheiro pra manter seus pais no asilo, e os filhos em uma escola particular, o filho precisará ser doutor e respeitado como ele.
O cidadão de bem é anti-comunista, estes são vagabundos que tomarão a sua casa, ele tem uma arma pra proteger sua família dos pobre que estão sempre a espreita. O cidadão de bem é homofóbico e racista. Ele é a favor de pena de morte e quer o exército na rua, ele acredita na ordem e no progresso. Tenho medo do cidadão de bem... Não, não... Tenho pena do cidadão de bem.

Allan Giovanni da Silva.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Bem-vindo ao século XXI

Pensando na tecnologia que dispomos hoje fico boquiaberto com a capacidade mental humana.
Há alguns anos levaríamos dias para viajar entre São Paulo e Santos, por exemplo, hoje se faz em poucas horas se o trânsito estiver bom. Até mesmo entre a colônia do Dr. Otto Blumenau e a capital Desterro (atual Florianópolis) se demorava muito tempo.
Em horas também se vai à Europa que já se levou meses pra chegar e antes disso nem mesmo se conhecia.
As minhas surpresas não param por aí, quando penso na comunicação, por exemplo. No século XVI se levava meses para ter uma carta entregue a alguém no velho continente. Nos dias de hoje você escreve, ou fala e vê a outra pessoa em tempo real, que pode estar em qualquer parte do globo terrestre.
Minha mente fértil me faz pensar crer que Odisséias no Espaço como sonhou Stanley Kubrick para 2001 não podem estar longe de serem alcançadas. Carros voadores já ocupam galpões de engenharia, clonagem humana não surpreende mais ninguém, as conversas no estilo Star Wars viraram o nosso querido MSN, até mesmo máquinas do tempo não são tão impossíveis assim, viver 200 anos, nanotecnologia, nada mais parece impossível para a ciência.
Bom, pra finalizar só posso dizer: caramba! Espero que o Admirável Mundo Novo sonhado por Aldous Huxley não devore o novo deus que o homem está se tornando.


Allan Giovanni da Silva.