segunda-feira, 5 de julho de 2010

CANÇÃO DO AMOR IMPREVISTO

Eu sou um homem fechado.
O mundo me tornou egoísta e mau.
E a minha poesia é um vício triste,
Desesperado e solitário
Que eu faço tudo por abafar.

Mas tu apareceste com a tua boca fresca de madrugada,
Com o teu passo leve,
Com esses teus cabelos...

E o homem taciturno ficou imóvel, sem compreender
nada, numa alegria atônita...

A súbita, a dolorosa alegria de um espantalho inútil
Aonde viessem pousar os passarinhos.

Mario Quintana

2 comentários:

  1. Eis o mais completo e mais habilidoso dos poetas infames e incertos do século XX na humilde opinião de quem vos fala. Mario Quintana. Ateu, anarquista inquieto vociferante mas ao mesmo tempo suave e nem aí para um monte de coisas, escrevia de forma envolvente comia pão com mortadela na padaria tomava uma pinga no boteco e escrevia como ninguém.
    Inclusive sobre o amor ele foi pra mim simplesmente o mais humano, sabe? O menos mítico, era um homem normanlente fascinante!
    Allan Giovanni da Silva.

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  2. Interessante... "Normalmente"... o que é normal pode ser também maravilhoso? De acordo com o que fomos forçados a acreditar, não... Porém é possível ter emoções maravilhosas, sem ser Hollywoodianas... Adooooorooooooo.....

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